18 de setembro de 2018

pareidolia

assisto ao final desta manhã:
sob o mesmo céu
os mesmos galhos
dessas mesmas árvores
balançam as mesmas folhas
(presas à vida)
e enquanto um velho
que fala ao telefone
carregando rugas e sacolas
nas mãos
vai sem pressa
sei lá para onde
(uma cara de:
"Ivone, vou me atrasar
para o almoço"), penso:
nesta cidade do Sul
da América do Sul,
onde o velho e eu
dividimos o mesmo céu,
há um cavalo gigante
sobre as nossas cabeças
- sim, sou desses
que veem desenhos nas nuvens.



17 comentários:

  1. Interesante manera de ver las nubes de la vida

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    1. Hola, Mucha, es un placer recibirte por aquí, gracias por tu comentario.

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  2. "Uma cara de: Ivone, vou me atrasar para o almoço." Hahaha! Que ótimo o poema, e gostei do final também, eu também tento ver desenhos nas nuvens, mas aqui em São Paulo às vezes é complicado, você sabe.

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    1. Valeu, Fábio, e sim, eu sei bem, a névoa de poluição em SP ainda não é como em Nova Délhi, por exemplo, mas é complicado mesmo, infelizmente.

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  3. Gostei muito de tua poesia,teu modo de poetar! abraços, tudo de bom,chica( tb do Brasil)

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    1. Obrigado, Chica. Abraços e tudo de bom pra ti também.

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  4. También he visto siempre dibujos en la nubes y además me encanta tumbarme sobre la hierba e imaginar historias allá entre las nubes. Muy bonito tu poema, Ulises.
    Bienvenido a mi esta tu casa.
    Besicos muchos.

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    1. Y en general son animales, creo que estás de acuerdo. Besos para ti también, Nani.

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  5. Todo o poema é maravilhoso, mas adorei os versos finais: «- sim, sou desses/que veem desenhos nas nuvens»

    r: É mesmo gratificante ter esse retorno! Volte sempre que quiser, As Gavetas estarão sempre abertas :)

    Sim, sim, também acho que é um mal geral, digamos assim. Sinceramente, acho que as pessoas fazem muito bem em procurarem conhecer outros locais e outras culturas, porque alarga horizontes. Aquilo que não consigo perceber é como é que, por exemplo, no seu país quase se recusam a visitar um museu, porque é uma perda de tempo, mas quando vão para alguma cidade/algum país estrangeiro fazem de tudo para não perder um que seja
    A sério? Que bom!
    Muito obrigada :)

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    1. Obrigado pelo comentário, Andreia, bom te ver por aqui. E sim, eu também acredito que seja um "mar geral" mesmo, aqui no Brasil, especificamente nesse aspecto, não é tão diferente assim daí de Portugal, como eu havia te dito, acho que a maioria pensa que a grama do vizinho é sempre mais verde, ainda mais em tempos de redes sociais, e é claro que, se não houver ignorância, é impossível não ter um olhar mais crítico sobre o próprio país (inclusive por aqui nesse momento é impossível mesmo), mas, em se tratando principalmente de cultura, considero que é também uma ignorância valorizar apenas o que é de fora, como muitos fazem por aqui, por aí, em muitos lugares. Um abraço, Andreia :)

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  6. Hay tanto sobre nuestras cabezas!!Hay tiempo,hay nubes,hay heridas,hay lugares,hay recuerdos y hay toda una vida.
    Bonitos versos
    Gracias por llegar a mi blog y por tu comentario.
    Saludos desde España

    *Te sigo

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    1. Es verdad, Gó, hay tanto sobre nuestras cabezas (y hay tanto por dentro también). Gracias por tu comentario, abrazo.

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  7. Es una realidad, pocos nos damos cuenta de lo que hay arriba...menos de lo que pende sobre nuestra cabeza...
    interesante tu forma de escribir sucesos de vida...

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    1. Gracias por tu comentario, Magdeli, deseo lo mismo para ti, un abrazo.

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  8. Um olho na terra e outro no céu.
    A poesia está presente em qualquer lugar. Feliz de quem percebe isso.

    Obrigada pela visita.
    Gostei também de vir aqui.

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    1. Concordo, Sônia, e obrigado também, um abraço.

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  9. Gosto do seu estilo de escrever.
    "Onde o velho e eu dividimos o mesmo céu" me parece simples e perfeito. Aliás, só consigo ver perfeição na simplicidade...
    Abraços, Ulisses!

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