16 de dezembro de 2018
É no ínfimo que eu vejo a exuberância
Mosca dependurada na beira de um ralo -
Acho mais importante do que uma joia pendente.
Os pequenos invólucros para múmias de passarinhos
que os antigos egípcios faziam
Acho mais importante do que o sarcófago de Tutancâmon.
O homem que deixou a vida por se sentir um esgoto -
Acho mais importante do que uma Usina Nuclear.
Aliás, o cu de uma formiga é também muito mais importante
do que uma Usina Nuclear.
As coisas que não têm dimensões são muito importantes.
Assim, o pássaro tu-you-you é mais importante por seus pronomes
do que por seu tamanho de crescer.
É no ínfimo que eu vejo a exuberância.
Manoel de Barros.
Poesia completa - São Paulo: LeYa, 2013.
(imagem: Raul Branco)
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Votos de Feliz Natal repleto de muita paz e amor.
ResponderExcluirAG
Caro Ulisses
ResponderExcluirMuitas vezes não damos grande importância às pequenas coisas, pensando que não afectarão a nossa vidinha. Mas, engano nosso: tudo na natureza tem a sua função e, em faltando, uma formiguinha que seja certamente que isso alterará todo o equilíbrio.
Abraço
Olinda
Um excelente poema e aproveito para desejar um bom Domingo.
ResponderExcluirAndarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados
UAU! É isso mesmo! " O essencial é invisível aos olhos" " Só se vê bem com o coração" . Tudo o resto é plástico, verniz que estala e como estala!!!
ResponderExcluirAdorei o seu poema, pelo tom crítico, pelo humor, pelo sarcasmo!
Ulisses, desejo-lhe um Natal de Paz e Amor!
Excelente poema! Fico sempre encantada quando entro no teu blogue
ResponderExcluirr: Fico contente por teres gostado. E agradeço, desde já, essa disponibilidade :)
Sem dúvida, não falta música incrível no Brasil
Concordo contigo.
ResponderExcluirGostei muito da foto e do poema
Obrigada
Boa semana
Beijinhos
Linda foto
ResponderExcluirArthur Claro
http://www.arthur-claro.blogspot.com
Mas, na verdade como é que se mede a dimensão das coisas?
ResponderExcluirBoa semana :)
Um poema brilhante deste grande autor, que eu ainda não conhecia!
ResponderExcluirMagnífica partilha, Ulisses! De facto, só as pequenas coisas, têm essa especial qualidade de tornarem tão importantes, e inesquecíveis!
Beijinho! Feliz semana!
Ana
Minha mãe dizia que os melhores perfumes estão dentro dos menores frascos.
ResponderExcluirConcordo com ela, com Manuel de Barros e com você .
Um abraço petropolitano .❇
A beleza das pequenas coisas, que tantas vezes não conseguimos decifrar.
ResponderExcluirJá conhecia esse poema, k acho fantástico. A simplicidade sempre venceu a exuberância.
ResponderExcluirQto à imagem, ela condiz com o poema de Manoel de Barros, mas pessoalmente me causou algum desconforto -rs.
FELIZ NATAL E BOM ANO NOVO, Ulisses!
Beijos.
ResponderExcluirMuito boa a poesia de
Manoel de Barros!
Na verdade é um pequeno toque que abre um grande poema.
E é sempre surpreendente teu blogue, Ulisses.
Beijos.
Caro Ulisses, adorei este poema que não conhecia. Damos muito valor ao que é grande, imponente e esquecemo-nos de observar as pequenas coisas, os gestos simples, um sorriso ou um simples Olá, pequenas atitudes que fazem pequenos milagres na vida de algumas pessoas e muitas vezes também nas nossas. Deixo-te um abraço e os votos de que o teu Natal seja sereno, com saúde, alegria e muito carinho a tua volta.
ResponderExcluirEmilia
Esse é um dos meus preferidos do Manoel, que poema maravilhoso!
ResponderExcluirÉ de coisas pequenas, para outros insignificantes que é feita a nossa estrada. De rasgos de memórias, de sentimentos, de pequenos gestos, de colos, de olhares, de toques, de medos, de sonhos e pesadelos, de experiências, de subjectividades. São essas as coisas que importam.
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