26 de fevereiro de 2019

no NotaTerapia

uma matéria linda sobre mim (com alguns dos meus poemas) foi publicada no NotaTerapia, que é um espaço da internet com ótimo conteúdo para quem gosta de arte, literatura e poesia (para os que ainda não conhecem o site, deixo aqui a sugestão de visita, vale muito a pena, há sempre matérias bem interessantes sendo compartilhadas por lá!). eis o link: 


24 de fevereiro de 2019

Farra do Boi

(imagem: PMF)

eu soube, e fiquei feliz com a notícia, que a prefeitura de Florianópolis (lugar lindo que eu costumava visitar muitas vezes com minha família durante a minha infância e onde muitos anos depois morei por algum tempo) lançou uma série de ações para conscientizar a população sobre a crueldade da farra do boi. além de intervenções artísticas em alguns pontos da cidade, exposição de faixas, inclusive uma na entrada da ilha, a cidade também planeja ações de repressão para quem insiste em cometer o crime da farra do boi. 

para quem não sabe do que se trata, uma breve explicação: a farra do boi é uma prática ilegal que consiste em soltar o animal em algum local ermo e fazê-lo perseguir os participantes da prática, que agridem o boi com objetos, algo que só acaba quando ele está exausto e machucado a ponto de não conseguir mais nem levantar (os bois geralmente acabam sendo sacrificados). a prática foi proibida há mais de duas décadas pelo Supremo Tribunal Federal, mas nem a lei conseguiu acabar de vez com essa tradição "cultural" que começou com os açorianos que desembarcaram em Santa Catarina no século XVIII. 

(imagem: BBC Brasil - divulgação/ Ecosul) 

"Herança do catolicismo antigo, o boi é visto na Farra como a representação de Judas, o traidor de Cristo. A simbologia religiosa é a carta branca para que os farristas cometam sem culpa quaisquer atrocidades, mesmo que a Igreja Católica se oponha duramente contra a prática, que alega ser pagã.

Há casos de bois que morreram de susto. Mas poucos têm essa sorte. Esses animais são perseguidos por horas, até a exaustão, são espancados com paus, espetos, têm olhos furados, rabos e orelhas arrancados, alguns quebram os ossos no desespero da fuga. Outros vão em direção ao mar e se afogam. A diversão sangrenta persiste há quase 300 anos no Sul do Brasil." (do BBC Brasil)

essa "diversão sangrenta" é tão estúpida e cruel quanto as touradas, por exemplo, outra tradição que algumas cidades de países latino-americanos mantêm há muito tempo por influência europeia. embora eu prefira evitar ao máximo ver esse tipo de imagens, quando acontece de eu acabar vendo eu sempre torço pelos touros, torço mesmo, pois se ainda há pessoas que acham que está tudo bem em maltratar e matar um animal dessa maneira apenas para a diversão de gente insensível (que provavelmente se julga superior aos outros animais), então eu quero mais é que se fodam mesmo, esses toureiros e quaisquer outras pessoas que participam de todas essas práticas sangrentas que infelizmente ainda são tão comuns em vários lugares do mundo. 

19 de fevereiro de 2019

Revista InComunidade

alguns dos meus poemas foram publicados na edição de fevereiro da revista portuguesa InComunidade. para quem quiser ler a edição (número 77), eis aqui o link:


Revista InComunidade

12 de fevereiro de 2019

Glauco Mattoso


morei durante algum tempo em São Paulo e minha chegada na cidade coincidiu com o período em que uma editora de livros estava se organizando para inaugurar um centro cultural onde haveria uma livraria e também um grande espaço em que funcionaria uma galeria de arte. fui contratado para trabalhar nesse local, onde acabei ficando por um bom tempo. além de lançamentos de livros em um espaço da própria livraria, havia, também, uma grande sala onde aconteciam palestras e saraus literários. eu participava, quando era possível, de alguns desses encontros. tive a oportunidade, então, de conhecer vários escritores, poetas e artistas plásticos de muitas partes do Brasil. 

em um desses encontros, que geralmente aconteciam aos sábados, teríamos a participação do escritor e poeta Glauco Mattoso. eu não sabia muito sobre ele até então, sabia, por exemplo, da música "Língua", em que ele foi citado por Caetano Veloso, e, a partir disso, como uma porta de entrada, eu fui ler, muitos anos atrás, alguns dos sonetos do Glauco, que nunca foi o tipo de poema que eu costumava ler, pois sempre preferi o verso livre. eu sabia, também, apenas de maneira mais superficial sobre a vida do escritor e poeta, mas que já era suficiente para me fazer participar daquele encontro literário com certa curiosidade. eu supunha, por causa da ideia que fazia sobre ele, que veria e ouviria uma pessoa que seria talvez apenas sarcástica falando, talvez meio chocante para alguns (não para mim), mas o que aconteceu foi que me surpreendi com o fato de ele ter parecido ser, e ser, na verdade, não apenas muito inteligente, como eu já imaginava, mas também uma pessoa com um modo de se expressar até mesmo, em muitos momentos, elegante, delicado, inclusive.

no final desse encontro, enquanto as pessoas conversavam na livraria e tomavam café, etc., o Glauco e eu conversamos um pouco e acabamos trocando nossos endereços de e-mail. algum tempo depois disso, semanas depois, escrevi para ele, que não demorou para me responder e ainda me surpreendeu me pedindo o endereço da minha casa porque queria me enviar de presente um dos muitos livros que ele já havia publicado. a partir disso mantivemos contato e ele começou a me enviar através do correio alguns dos seus livros, mesmo um longo tempo depois, quando eu já havia ido embora de São Paulo e estava morando no meu estado. 

eu sempre pensei, e com o tempo senti que pude ir confirmando isso, que os escritores e poetas (não todos, é claro, mas quase isso) são mais interessantes escrevendo do que falando. tenho essa mesma impressão em relação aos artistas, cantores, atores, pintores, o que for, que também me parecem muitas vezes mais interessantes através dos seus trabalhos do que fora deles. um cantor ou cantora, por exemplo, se me parecer interessante em cima de um palco, mas fora dele, na vida, não, ou se de repente for alguém que dê declarações estranhas, que diga coisas que eu considere estúpidas, por exemplo, instintivamente eu perco muito (e totalmente, em alguns casos) do interesse pela arte que a pessoa já tenha produzido ou possa ainda produzir. sim, para mim não há como desconectar a vida da obra de quem quer seja.

mas há os casos, as exceções, em que a pessoa me desperta tanto interesse através do que ela representa, vive e diz para além do que apresenta, compartilha como sua arte ou seus escritos, seja o que for, que eu acabo tendo ainda mais interesse por essa arte ou por esses escritos, e o Glauco é, para mim, um desses casos. além disso, é uma pessoa muito generosa, e como não gostar de gente generosa? fácil de não gostar, na minha opinião, é de gente intocável que, simbolicamente, fica no alto de uma torre como se olhasse os outros de cima, muitas vezes podendo até mesmo ser talentosa, mas agindo como se fosse inacessível, sem dialogar com seu público para além de sua arte ou de seus livros. há tanta gente por aí que mesmo através de blogues, por exemplo, parece preferir escrever como se estivesse falando somente para as paredes, o que me faz pensar no porquê da necessidade de alguém manter um blog se é para não haver algum diálogo com leitores, afinal, quem escreve quer ser lido, e quem quer ser lido espera por algum tipo qualquer de retorno, não é mesmo? Glauco representa, para mim, muito do que eu admiro em alguém que dedica sua vida para a palavra escrita, seja lá de que forma ou quanto for: além de usar bem as palavras, é, antes de tudo, uma pessoa de mente aberta, inspiradora, de pensamentos que não ficaram cristalizados pelo tempo. 

*

na orelha do livro Poética na Política (Geração Editorial, 2004), o editor Luiz Fernando Emediato escreveu sobre Glauco Mattoso:

"Glauco Mattoso é um caso único na literatura brasileira. Esse estranho e prolífico poeta incendiário - o mais maldito dos poetas brasileiros - era apenas um daqueles que, nos anos 70, irreverente e jovem, escandalizava os burgueses com seus versos furibundos e anti-higiênicos, impressos em qualquer papel e vendido nas ruas de mão em mão. 

Foi-se a poesia marginal e alguns poetas vestiram paletó e gravata para cuidar de suas vidas na Bolsa de Valores. Outros perderam o encanto e gosto pela poesia. Houve até quem se matasse de desgosto ou de desencanto pela própria vida, sem dúvida um direito. Glauco, que tinha motivos para se desgostar - como Borges, foi ficando progressivamente cego, coisa terrível para quem adora ler -, continuou poetando. E, que coisa estranha: quanto mais cego, mais ele parece enxergar o que se deve criticar com seus versos cáusticos. 

O soneto, forma clássica eternizada por Camões e Shakespeare, não é mais utilizado pelos poetas modernos - mas é com ele que Glauco Mattoso ataca (e como ataca!) a trágica mediocridade da política brasileira, sem deixar pedra sobre pedra. Neste livro, que contém - numerados - 100 sonetos selecionados de sua impressionante produção, Glauco retoma um de seus temas prediletos. 

Um crítico, Leo Gilson Ribeiro, já escreveu que Glauco Mattoso é um misto de Baudelaire e Rabelais, com a elegância de Camões e Milton. É verdade. Seus sonetos primorosamente rimados e ritmados revelam uma técnica perfeita. O que choca neles é mesmo o tema: a corrupção, a podridão, o chulé, o mau-hálito, os maus costumes daqueles que infelizmente ainda comandam a vida dos cidadãos que neles... votam! 

Na linha de Bocage e Gregório de Matos - mas muito mais divertido! -, Glauco, como já se escreveu, continua pondo e dedo em todas as feridas e pisando em todos os calos. A leitura é uma delícia. E, como já disse o próprio Glauco uma vez, de duas, uma: ou o leitor se desintoxica ou se envenena de vez. Bom proveito!"

*

alguns dos sonetos do livro Poética na Política:


Sádico

Legal é ver político morrendo
de câncer, quer na próstata ou no reto, 
e, pra que meu prazer seja completo, 
tenha um tumor na língua como adendo.

Se for ministro, então, não me arrependo
de ser-lhe muito mais que um desafeto, 
rogar-lhe morte igual à que um inseto
na mão da molecada vai sofrendo. 

Mas o melhor de tudo é o presidente
ser desmoralizado na risada
por quem faz poesia como a gente. 

Ele nos fode a cada canetada, 
mas eu, usando só o poder da mente, 
espeto-lhe o loló com minha espada. 

*

Achincalhado

Não querem que avacalhe? De que jeito,
se são os próprios caras que na imagem
da casa cagam, como putas agem
e só papel ridículo têm feito? 

Além de legislar sempre em proveito
do bolso e de outros próprios, sacanagem
maior vem da propina e da vantagem
por fora, do indevido e do suspeito! 

Ali, tem "comissão" duplo sentido,
de grupo que investiga e de caixinha,
mas só pejorativo ele tem sido:

Suborno, em si, se é prática mesquinha,
pior ainda é quando este bandido
inquire aquele e arquiva a "picuinha"! 

*

Destrambelhado

Perdendo a paciência, ultimamente, 
me vejo com políticos! Parece
até que antigamente a gente esquece
de tanta falcatrua e já nem sente!

Mas hoje há mais razão pra que se atente
aos métodos daninhos de quem tece
a teia financeira, que carece
duma investigação profunda e urgente. 

Sabendo que a devassa nunca sai
e vendo que o dinheiro vai sumindo,
acabo expondo a raiva que me trai! 

Se pego um desses caras, vai ser lindo
o jeito com que o mato! Ó Deus, me dai
a chance, que o rancor conservo, infindo!

*

Dialético

A síntese do avanço consciente 
é aquele velho método sagaz
que preconiza dar um passo atrás
a fim de dar dois passos para a frente.

A tese se apresenta incoerente,
mas a contradição já se desfaz 
em face da estratégia, que é de paz,
embora lembre a marcha combatente. 

Antítese do avanço é o retrocesso, 
ao obscurantismo associado, 
e nesse ponto exato me interesso.

Questão de ordem faço deste dado:
tão logo fiquei cego, o passo meço;
tropeço, mas não caio: adianto o lado. 

*

Antológico

As frases memoráveis da República
deviam ter, na pedra ou voz gravada,
registro, qual legenda avacalhada
num filme de comédia ou cena lúbrica.

"Prometo que agirei na vida pública
da mesma forma que ajo na privada!";
ou: "Fi-lo porque qui-lo", tão surrada;
ou: "Não me deixem só!", suprema súplica.

Também vou proferir, eu que não minto, 
a pérola imortal de quem adora
mandatos, completado o quarto ou quinto:

"Da vida partidária saio agora.
Já fiz o que devia, e alívio sinto.
Caguei, limpei a bunda,e vou-me embora!"

*

Iluminista

Voltaire disse que nunca concordava
com nada que você queira dizer,
mas que defenderia até morrer
o seu direito ao uso da palavra. 

Enquanto a Inquisição fere, escalavra
e queima vivo quem ousa descrer, 
defende o bom sacrilégio o prazer
do livre-pensador, labuta brava.

Irônico destino esse que pega
safados pecadores, sobre os quais
recai missão igual à de quem prega!

Feliz fatalidade essa que faz
duma lúcida dúvida a fé cega
de que as opiniões são desiguais!

*

Hediondo

Estupros, latrocínios e sequestros, 
o horror do genocídio racial
merecem punição especial: 
castigos, não sinistros, porém destros.

O riso é o mais sarcástico dos sestros
que crispam o desenho facial.
Dos crimes ri o Mentor, Senhor de Tal, 
o Réu, maior de todos os maestros.

Na certa o Onipotente é quem responde
por tudo que acontece pra quem erra,
e atrás da impunidade Ele se esconde.

Levá-lo a Nuremberg, após a guerra!
Puni-lo com prisão perpétua! E onde?
No inferno que pra nós criou: a Terra!

*

Civil

Aqui, de ditadura em ditadura,
democracia cai nos intervalos. 
Cavalaria é própria de cavalos.
Um homem pode ser cavalgadura.

República com fardas se inaugura.
As botas fazem bolhas, causam calos.
Moeda fraca escorre pelos ralos.
Fuzil, neste país, ninguém segura.

Um dia, a economia desmorona.
Golpismo, Estado Novo, Redentora,
acaba tudo em pizza, em puzza, em zona.

Passa de mão em mão, como se fora
a troca duma guarda sem dragona,
sem honra ou tradição, só sucessora. 



(na imagem, oito livros de Glauco Mattoso sobre a mesa: 
- Tripé do Tripúdio e outros contos hediondos - São Paulo: Tordesilhas, 2011. 
- Contos Hediondos - São Paulo: Demônio Negro, Annablume, 2008. 
- A Planta da Donzela - Lamparina editora, 2005. 
- O cancioneiro carioca e brasileiro - São Paulo: Annablume, 2008. 
- A letra da lei - São Paulo: Annablume, 2008.
- Faca cega e outras pelejas sujas - São Paulo: Annablume, 2007. 
- A aranha punk - São Paulo: Annablume, 2007. 
- Poética na Política - São Paulo: Geração Editorial, 2004.)

7 de fevereiro de 2019

Hilda Hilst: "Cronista: filho de Cronos com Ishtar"


Uma das coisas que eu mais admiro em alguém é o humor. Nada a ver com boçalidade. Alguns me pedem crônicas sérias. Gente... o que fui de séria nos meus textos nestes quarenta e três anos de escritora! Tão séria que o meu querido amigo, jornalista e crítico, José Castello, escreveu que eu provoco a fuga insana, isto é, o cara começa a me ler e sai correndo pro funil do infinito. Tão séria que provoco o pânico. E nestas crônicas o que eu menos desejo é provocar o pânico... Já pensaram, a cada segunda-feira, os leitores atirando o jornal pelos ares e ensandecendo? Já pensaram o que é isso de falar a sério e dizer por exemplo: que é isso, meu chapa, nós vamos todos morrer e apodrecer (ainda bem que não é apodrecer e depois morrer, o lá de cima foi bonzinho nesse pedaço), tu não é ninguém, meu chapa, tudo é transitório, a casa que cê pensa que é sua vai ser logo mais de alguém, tu é hóspede do tempo, negão, já pensou como vai ser o não-ser? Tá chateado por quê? Tu também vai envelhecer, ficar gling-glang e morrer... (há belas exceções, como o Bertrand Russell fazendo comício aos noventa, mas tu não é Bertrand Russell). Até o Sartre, gente, inteligentíssimo, ficou na velhice se mijando nas calças e fazendo papelão... Se todo mundo pensasse seriamente no absurdo que é tudo isso de ser feito de carne, mas também olhar as estrelas, de ter um rosto, mas também ter aquele buraco fétido, se todo mundo tivesse o hábito de pensar, haveria mais piedade, mais solidariedade, mais compaixão e amor. 

Mas quem é que vocês conhecem que pensa? As mães que nos colocaram no planeta pensaram? Claro que não. Na hora de revirá os óinho ninguém pensa. Só seria justificável parir se o teu pimpolho fosse imortal e vivesse à mão direita Daquele. Mas o teu pimpolho também vai morrer e apodrecer não sem antes passar por todos os horrores do planeta. Tá jogando fora o jornal, benzinho? Então vamos brincar de inventar uma nova semântica: 

Semântica - Antologia do sêmen
Solipsismo - Psiquismo solitário
Hipérbole - Bola grande
Xenofobia - Fobia de Xenos
Ligadura - Liga das Senhoras Católicas
Ânulo - Filete colocado por sob o bocel da cornija do capitel dórico
Bocel - Corruptela de boçal
Ânus - Pronúncia errada de anus (aves da família dos cuculídeos)
Ku - Lua em finlandês
Cou (Pronuncia-se cu) - Pescoço em francês
Hipocampo - Campo de hipismo
Proclamas - Alvoroço de amas
Misantropia - Entropia do Méson Mi
Democracia - Poder do demo
Paradoxo - Oxiúros em estado de repouso (parado)
República - Ré muito manjada

Bom dia, leitor! Tá contente?

Contente - Filho do ente do Heidegger (informe-se) com Cohn-Bendit (informe-se). 


(domingo, 13 de setembro de 1993)


Hilda Hilst 
em Cascos & carícias & outras crônicas 
São Paulo : Globo, 2007. 


(Cascos & carícias & e outras crônicas é uma seleção de crônicas que Hilda Hilst produziu para o jornal Correio Popular, de Campinas, entre 1992 e 1995)

4 de fevereiro de 2019

Gazeta de Poesia Inédita

meu poema litosfera foi publicado na GAZETA DE POESIA INÉDITA, do poeta português José Pascoal (autor dos livros Sob Este Título, Antídotos e Excertos Incertos, todos publicados pela Editorial Minerva, de Lisboa). aos que ainda não conhecem a GAZETA e queiram conhecer, eis o endereço:


gazetadepoesiainedita.blogs.sapo.pt

29 de janeiro de 2019

alcoba azul

La noche irá sin prisa
de nostalgia
Habrá de ser un tango
nuestra herida
Un acordeón sangriento
nuestras almas
Seremos esta noche
todo el día

Vuelve a mí
Ámame sin luz
En nuestra alcoba azul
Donde no hubo sol
para nosotros

Ciégame
Mata mi corazón
En nuestra alcoba azul
Mi Amor


voz: Lila Downs
letra: poeta mexicano Hernán Bravo Varela
música: Elliot Goldenthal



27 de janeiro de 2019

intento


intento da língua
também é caber
dentro da boca
em que saliva

língua solta
só se for quieta
dentro da boca
que é outra

língua na outra
é recíproco
cabe no que diz
em silêncio

algumas línguas
preferem não
a minha língua
prefere assim:

calada no céu
de uma boca
que joga saliva

dentro de mim. 



(imagem: Schiele)

26 de janeiro de 2019

22 de janeiro de 2019

céu. inferno. cagação de regras


um dia desses um amigo me mostrou um vídeo em que um pastor em uma igreja (não sei qual) falava sobre "céu e inferno" citando como exemplos uma lésbica que ele conhecia, o "movimento LGBT" e os "crentes". segundo o tal pastor, a tal lésbica usava bermudas (como se bermudas fossem roupas que somente homens usassem ou deveriam usar), tinha o cabelo curto (como se somente homens tivessem ou pudessem ter os cabelos curtos), mas que "todo mês ela menstruava pra Deus mostrar pra ela que ela é mulher". ainda segundo o tal pastor, "criticar o 'movimento LGBT' dá processo, mas criticar os 'crentes' leva pro 'inferno'", como se ele estivesse sendo muito corajoso por estar naquela igreja fazendo esse tipo de "crítica" (como se preconceito fosse apenas "crítica") que nem todos têm coragem de fazer e ao mesmo tempo dando a entender que ele estaria "livre do inferno" por ser "crente".

aí eu (me) pergunto: seguindo a lógica dos que creem em "céu e inferno", são pessoas como esse pastor (que usam a Bíblia como uma arma de justificativa para os seus preconceitos e ignorâncias) que vão para o "céu"? vão para o "céu" somente aqueles que não errarem, não julgarem, não condenarem outras pessoas e se arrependerem de todos os seus "pecados" e não cometerem mais nenhum? então vamos TODOS para o "inferno", afinal não existe nem uma pessoa no mundo que não erre e não siga de alguma forma errando, que não cometa algum "pecado", inclusive essas pessoas que, como esse tal pastor, erram achando que estão certas, o que é pior ainda, pois não admitem, nem sequer conseguem enxergar, que erram, que estão erradas. 

há tanta gente por aí que se julga superior somente pelo fato de ser heterossexual, por exemplo, ou porque se veste de determinada maneira "mais benquista na sociedade", ou por qualquer outra razão estúpida e superficial. mas o fato é que quaisquer pessoas, mesmo aquelas que se julgam encaixadas dentro de padrões de comportamento ditos normais para o "merecimento do 'céu'", se não erram de uma determinada forma, erram de outra, não há nem sequer uma pessoa que esteja livre disso, e podem falar o quanto quiserem sobre Deus, oração, meditação, redenção, gratidão (essa palavra em voga), o que for. há tantas pessoas cheias de virtudes autopropaladas, dando para si mesmas condecorações simbólicas de pessoas exemplares, espiritualizadas, etc., mas que muitas vezes estão por aí com suas línguas que não cabem dentro de suas bocas, cagando regras sobre a vida alheia, apontando seus dedos na cara dos outros (ou fazendo isso de modo figurado através de um teclado de computador ou telefone celular), talvez porque lhes pareça algo irresistível, como abutres diante da carniça. 

muito tempo atrás ouvi em algum lugar a seguinte frase: ninguém é tão bom que mereça 10 nem tão mau que mereça 0. sempre pensei que fazia, faz, sentido. até mesmo Madre Teresa, por exemplo, que recebeu o Prêmio Nobel da Paz, proclamada santa pelo Papa Francisco, tinha um lado obscuro: ela tinha ligação com ditadores, recebeu milhões em doações que foram muito criticadas, como as de Charles Keating, preso pela maior fraude financeira da história dos EUA até finais dos anos oitenta (quando Keating foi preso, em vez de devolver o dinheiro, Madre Teresa pediu misericórdia no tribunal), dizia que os pobres e doentes de sua instituição receberiam o amor de Deus através do sofrimento, mas, quando ela adoeceu, recorreu a serviços de saúde caros.

e o que dizer, por exemplo, sobre Bolsonaro, então, que está BEM longe de ser santo? há anos dando os mais diversos tipos de declarações absurdas, exaltando torturadores, e agora com gente da família envolvida em esquema de lavagem de dinheiro (o verdadeiro Deu$ dessa família), e somente porque fala em Deus o tempo todo serve de bom exemplo para esses tais pastores e seus seguidores? Seguidores que, pelo visto, não sabem separar "o joio do trigo", gente que parece não ter capacidade alguma de discernimento, e um outro exemplo atual disso é o caso de João "de Deus", que, mesmo com mais de 500 denúncias de abuso contra ele, ainda há quem duvide de seus abusos e se diga seu seguidor. 

mesmo que todos tenhamos sombras, um lado obscuro, mesmo que todos errem, já tenham errado e, de uma forma ou de outra, vão continuar errando, há gente que insiste em "cuspir" e "jogar bosta" apenas na Geni, como na música de Chico Buarque, ou apenas nas lésbicas de cabelos curtos e que usam bermudas, nos gays, nos bissexuais, nas prostitutas, nas travestis, etc., porque há gente que pensa estar em cima de um pedestal e se acha no direito de cagar regras sobre a vida alheia. mas para esses que estão com seus dedos sempre em riste prontos para apontarem na cara dos outros, convém lembrar: há coisas mais interessantes para se fazer com os dedos. para todos, os que gostam ou não gostam da Bíblia, mas principalmente para os cagadores de regra (porque às vezes é necessário lembrar para alguns de algumas das palavras do livro que eles mesmos dizem, da boca para fora, seguir), deixo aqui o seguinte trecho:


1 Não julgueis, para que não sejais julgados. 2 Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós. 3 E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho? 4 Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu? 5 Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão. (Mateus 7:1-5)

15 de janeiro de 2019

Literatura & Fechadura

3 dos meus poemas foram publicados na revista digital Literatura & Fechadura. quem costuma visitar este blog já leu os poemas, mas para os que ainda não conhecem a revista e queiram conhecê-la, deixo aqui o link:

www.literaturaefechadura.com.br

11 de janeiro de 2019

luz do sol

(sol e eu)

luz do sol
que a folha traga e traduz
em verde novo
em folha, em graça, em vida
em força, em luz
céu azul que vem
até onde os pés tocam a terra
e a terra inspira e exala seus azuis
reza, reza o rio
córrego pro rio e o rio pro mar
reza a correnteza
roça a beira, doura a areia
marcha o homem sobre o chão
leva no coração uma ferida acesa
dono do sim e do não
diante da visão
da infinita beleza
finda por ferir com a mão
essa delicadeza
a coisa mais querida
a glória da vida

luz do sol
que a folha traga e traduz
em verde novo
em folha, em graça, em vida
em força, em luz

(Caetano Veloso)




9 de janeiro de 2019

litosfera

dividimos em pensamentos
nosso mundo - conferindo-nos
asas que nos movem e raízes
que nos aprofundam
na realidade de uns solos
e uns sonhos, grandes
territórios não mapeados -
e desde há muito,
também, rente às retinas,
o peso avaliado das coisas:
rochas, vulcões, Américas,
indígenas, linhas de Nazca,
moais, Taj Mahal, castas,
ossos de dinossauros,
Mona Lisa sorrindo
atrás do vidro,
tectônicas placas
em movimento:
um planeta inteiro
- em camadas -
(n)a nossa percepção.

7 de janeiro de 2019

bumerangue

se o que eu escrevo
acaba te alcançando,
não é porque te miro:
é porque tu te miras
em mim e me erras
em ti acertando.

5 de janeiro de 2019

azul e rosa: "afinal, existe a tal 'ideologia de gênero'?"

(nova era no Brasil:
meninos vestem azul,
meninas vestem rosa.
e quanto aos cabelos e tênis azuis?)


Damares Alves, a "Ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos" do governo de Boçalnaro, aquela que viu Jesus na goiabeira, disse que uma "nova era" começou no Brasil: "meninos vestem azul e meninas vestem rosa". Damares, tal qual o novo presidente do Brasil, é uma pessoa de mente "muito evoluída", com ideias "nada retrógradas", obviamente. Ela disse, depois da repercussão do caso, que estava fazendo apenas uma "metáfora contra a 'ideologia de gênero'", esse assunto tão em voga há algum tempo no Brasil e dias atrás também abordado pelo novo presidente que, em seu discurso ideológico de posse, disse que quer combater a "ideologia de gênero". Lembrei, por causa disso, de um texto (excelente) de Maíra Zapater, do site Justificando, escrito em 2015, mas que deveria ser lido, no momento atual, por todos, especialmente por aqueles que precisam abrir a mente sobre o assunto e essa expressão. Eis o texto intitulado "Afinal, existe a tal 'ideologia de gênero'?":

Para quem estuda as questões de gênero há algum tempo, é certamente curiosa a proporção que os debates sobre o tema vêm tomando ultimamente: antes restrito a alguns espaços acadêmicos ou militantes, o assunto vem ocupando pautas do STF com julgamentos sobre o direito de pessoas trangêneras usarem este ou aquele banheiro em espaços públicos, é cobrado de estudantes na prova do ENEM, leva mulheres às ruas para questionarem propostas legislativas que retrocedem na conquista de direitos e leva a alterações legislativas criando figuras penais controversas como o feminicídio.

Todos esses pontos guardam correlação com as chamadas “discussões sobre gênero”. Esses debates se originam a partir da percepção dos diferentes lugares sociais ocupados por homens e mulheres. A diferença não seria problema se esta não se materializasse muitas vezes em desigualdades: nos mais diversos contextos sociais e culturais é possível notar que este fato, por muitas vezes, chega a corresponder a direitos e deveres também distintos, estabelecidos em decorrência do sexo natural, que, por muito tempo, imaginou-se ser determinante das mentes e almas de seus portadores. As teorias desenvolvidas sobre as origens destes lugares sociais diferentes para homens e mulheres (chamadas "teorias de gênero”) desnaturalizam estes comportamentos, temperamentos e condutas atribuídos aos sexos biológicos, demonstrando serem eles frutos de construções culturais, e, portanto, afetadas pelos mais diversos fatores.

Estes estudos vêm sendo desenvolvidos em várias áreas do conhecimento (medicina, psicologia, antropologia, filosofia) principalmente a partir da década de 1970, no contexto da revolução sexual e dos costumes, com o objetivo de separar o conceito de sexo biológico do conceito de gênero: o primeiro seria um fato dado, biológico, enquanto o segundo corresponderia a uma categoria social, ou seja, ao conjunto de atributos que formam os papéis que devem ser desempenhados (ou, ao menos, assim se espera) por homens e mulheres de acordo com seu sexo biológico. Assim, algumas das principais questões debatidas nas teorias de gênero podem ser extraídas da assertiva: “a natureza está para a cultura assim como o sexo está para o gênero”.

Em outras palavras – e procurando simplificar para melhor compreensão – estudar questões de gênero é, acima de tudo, observar a miríade de possibilidades do que se considera “coisa de homem” e “coisa de mulher” nas muitas culturas ao redor do mundo e ao longo da História. Para ficar em um exemplo bem concreto (e até simplório, admito, mas simplicidade pode ajudar muito a clarear as ideias em tempos tão obscuros e complexos), esta humilde colunista certamente não teria espaço para expor suas reflexões em um veículo de comunicação, digamos, 70 anos atrás. Pensar e expor suas ideias era, antes do advento dos movimentos feministas, “coisa de homem”. Um outro exemplo tão singelo quanto ilustrativo está nas formas de se vestir e de se portar: desde há muito cabelo comprido deixou de ser “coisa de mulher” e cabelo curto “coisa de homem”. E calças compridas? Ainda que os tribunais brasileiros tenham vetado o uso desta peça para mulheres até os primeiros anos do século XXI, até mesmo nossas vetustas cortes entenderam que "o mundo mudou". A mentalidade vigente – expressada pela cultura – modificou-se.

Esse é o embate fundamental: afirmar que o que se considera “ser homem”/ “ser mulher” (e todos os desdobramentos relativos a orientação sexual e performance de gênero) é uma construção cultural e não uma determinação da natureza, implica que as certezas que se têm a respeito de tais definições não são tão certas nem tão definidas.

"Mas homem é homem, e mulher é mulher”, dirão alguns, atônitos. Sim, sem dúvida: o problema é que aquilo que se entende por “ser homem” ou “ser mulher” encontra muitas concepções diferentes na existência humana. Será válido sustentar que há concepções “certas" ou “erradas” do que é “ser homem” ou “ser mulher"? E mais: será válido estabelecer direitos diferentes em decorrência deste julgamento?

Procurar compreender como se formam os ideais do que é “ser mulher” ou “ser homem" não é negar as diferenças entre um e outro – sim, homens são diferentes de mulheres! E também mulheres são diferentes entre si, e homens são diferentes entre si. Mas serem diferentes entre si não acarreta haver qualquer hierarquia entre as diferenças: ainda no campo dos exemplos simples, gosto de pensar que maçãs são diferentes de laranjas, o que não torna uma maçã melhor do que uma laranja. O mais relevante disso tudo, em meu entender, é a compreensão de que as diferenças não podem ser traduzidas em valorações hierárquicas.

A hierarquização de diferenças é o primeiro passo para a produção de injustiças: ensinar por gerações que há coisas e lugares “de homem”e “de mulher” ajuda a conservar conceitos e perpetuá-los em ações: nesse universo de valores hierarquizados conforme o sexo (que é, neste contexto, confundido com o gênero), nada melhor que "ser macho”, e nada pior que “ser mulherzinha”. Essa valoração perversa ensina, de geração em geração, que é compreensível que um rapaz censure sua namorada por usar certo tipo de roupa (pois mulher que usa roupa “de puta” estaria em uma escala “inferior” de mulher, e cabe ao seu homem determinar que ela não deve se portar como tal), ou que “não levar desaforo pra casa é coisa de macho” (e aí aquele que evita a violência física é “menos macho”, e “ser macho” nessa ordem hierárquica é considerado o topo da cadeia de valores positivos). Ensina que “que gay precisa apanhar pra virar macho” (sendo a homossexualidade hierarquizada como algo “ruim", e que deve ser “melhorada” e transformada em “macheza") e que “macho traído tem que lavar sua honra com sangue se não quiser ser corno” (pois o homem que não controla sua mulher é, neste contexto, “menos macho”).

Essas ideias acima exemplificadas do que é “ser homem” ou “ser mulher” não decorrem da genitália com a qual o indivíduo nasceu (nem de seus hormônios, ou de seus cromossomos XX e XY), mas sim são passadas de geração em geração, variando de um lugar para outro, sempre sob o risco de se conservarem injustas quando não questionadas.

É exatamente este tipo de questionamento que se pretende fomentar com a introdução de discussões sobre gênero e diversidade sexual no currículo escolar. São essas variantes históricas e culturais que se pretende estudar.

Por isso, nada mais equivocado do que alguns grupos sociais têm chamado de “ideologia de gênero”. A própria expressão carrega equívocos que evidenciam o pouco (ou nenhum) conhecimento de quem a cunhou sobre o tema, e por isso é importante tentarmos compreender do que falam aqueles que afirmam lutar contra essa tal “ideologia”.

Embora haja diversas concepções para a palavra “ideologia”, inicio sua problematização pela acepção semântica: é o termo que designa o conjunto de ideias, convicções e princípios filosóficos, sociais ou políticos que caracterizam o pensamento de um indivíduo, grupo, movimento, época, sociedade. No senso comum, o termo “ideologia" é frequentemente empregado para identificar situações nas quais pessoas são persuadidas por meios escusos a adotar convicções sem que lhes seja dada qualquer possibilidade de crítica sobre o posicionamento adotado de forma impositiva.

Seria possível usar uma coluna inteira aqui do Justificando apenas para dissertar sobre os seus muitos significados – e usos históricos, especialmente nos regimes autoritários e/ou totalitários. Mas, definitivamente, nenhum deles faria qualquer sentido na expressão “ideologia de gênero”: propor o estudo de questões de gênero nas escolas (e mesmo sua abordagem nos meios de comunicação) não significa, em absoluto, persuadir ninguém a coisa alguma. Não implica “incentivar" meninos a “serem" meninas, ou vice-versa (e, supondo que isso fosse um problema). E, menos ainda, o estudo das questões de gênero tem algo a ver com o “estímulo à pedofilia” ou “sexualização precoce” de crianças – aliás, confesso que esse salto hermenêutico, sinceramente, desafia minha capacidade de compreensão.

Refletir sobre as construções dos papeis de gênero é refletir sobre a possibilidade e o direito de se ser o que se é. E que “ser homem” e “ser mulher” pode ter muitos significados diferentes, e que esses jeitos de ser não se vinculam a orientações sexuais nem este ou aquele comportamento ou aparência, mas significa, acima de tudo, que toda e qualquer pessoa, independentemente de como se manifeste nesta seara, tem direito a ter direitos. E, principalmente, o direito de não sofrer violência.

Não há razão para temer discutir questões de gênero – mas me apavoram os prováveis desdobramentos de perpetuarmos o silenciamento desse debate.


Maíra Zapater é graduada em Direito pela PUC-SP e Ciências Sociais pela FFLCH-USP. É especialista em Direito Penal e Processual Penal pela Escola Superior do Ministério Público de São Paulo e doutoranda em Direitos Humanos pela FADUSP. É professora e pesquisadora. 

1 de janeiro de 2019

Amaité poesias & cia.

alguns dos meus poemas foram publicados no Amaité, blog da poeta, ficcionista e editora Jandira Zanchi, autora dos livros A Janela dos Ventos (Editora Singularidade, 2017), Área de Corte e Gume de Gueixa (Editora Patuá, 2016 e 2013) e Balão de Ensaio (Editora Protexto, 2007) e integrante do conselho editorial da revista virtual mallarmargens. para quem quiser conferir meus poemas lá no Amaité, e assim também conhecer o blog (para quem ainda não conhece, vale muito a pena!), deixo aqui o link: 

31 de dezembro de 2018

30 de dezembro de 2018

essência

1 - se
fode
se
não
fode
se
come
se
não
come
a
moral
não
se
encontra
abaixo
da
cintura
entre
as
pernas

dizia
Elke
Maravilha
- perguntem
sobre
a
alma
das
pessoas.


2 - ninguém
é unilateral:
todos
temos
pelo
menos
dois
lados:
o
mesmo
do
cu
outro
da
buceta
ou
do
pau
mas
ainda
um
de
dentro
onde
não
cabe
brasão 
nem
emblema
rótulo
etiqueta
dístico
teorema
é
que
- antes
de
tudo -
ninguém
a
ninguém
é
igual.

28 de dezembro de 2018

se fosse o inverso


por Natasha Romanzoti - HypeScience
imagens Bored Panda

Imagine um universo paralelo onde os animais são as espécies dominantes e eles tratam a raça humana da forma como nós os tratamos agora. É um pensamento muito assustador, não? Pensamento, aliás, que foi ilustrado por diversos artistas em imagens chocantes. A lista abaixo foi compilada pelo site Bored Panda. O tema da série são ilustrações projetadas para nos fazer pensar de forma diferente sobre a maneira como lidamos com os animais. Nelas, os papéis são invertidos, e os seres humanos é que são o alvo de algumas das coisas mais horríveis que fazemos com nossos colegas de planeta Terra.