dentre tantos
23 de setembro de 2021
não se come dinheiro
24 de agosto de 2021
24 de julho de 2021
fora, Bolsonaro, genocida e corrupto!
8 de julho de 2021
dos registros fotográficos antigos
o Chevette verde-escuro dos meus pais sobre a rua (que ainda não era asfaltada) do Morro do Farol (único dos morros à beira-mar da cidade com acesso de carros), em Torres, Rio Grande do Sul, em 1977. |
no espelho retrovisor, meu pai fotografando a Praia Grande de Torres. |
lagoa do Parque da Guarita e partes dos dois morros. |
minha mãe e o rio Mampituba |
meu pai, voz de muitas águas. Praia de Itapeva. |
minha mãe e outras tantas águas. Praia Grande, Santa Catarina. |
meu pai sobre o gramado de algum lugar que eu não sei qual é. "... Find me in my field of grass Mother Nature's son Swaying daisies sing a lazy song beneath the sun..." (Paul McCartney). |
minha mãe sobre a ponte de algum lugar que eu não sei qual é. "Sou. Estou. Indefinidamente vou." (Violeta Formiga). |
minha mãe e a "Taça", formação rochosa situada no Parque Estadual de Vila Velha, em Ponta Grossa, Paraná. |
"... No olhar a alma também Olhando-me, e eu a ver Tudo quanto de ti teu olhar tem..." (Fernando Pessoa). |
"Saiba: todo mundo teve infância Maomé já foi criança Arquimedes, Buda, Galileu E também você e eu..." (Arnaldo Antunes). e o meu pai também. |
"- É a hora de vos embriagardes! Para não serdes escravos martirizados do Tempo, embriagai-vos! Embriagai-vos sem cessar! Com vinho, poesia, virtude! Como quiserdes!" (Baudelaire). |
Jane posando para o Tarzan. |
minha mãe grávida do meu irmão parecendo levitar. |
"... a imagem colorida de Gramado." minha mãe e meu irmão em 1979. |
na nossa antiga casa, meu irmão me segurando enquanto eu tentava caminhar. "Meu quintal é maior do que o mundo." (Manoel de Barros). |
"Infância - A vida em tecnicolor." (Mario Quintana). |
eu olhando para o meu irmão em algum domingo entre 1985 e 1986 na Praia de Itapeva. "Há na memória um rio onde navegam os barcos da infância..." (José Saramago). |
eu e a motoca. |
minha irmã em um Carnaval dos anos 90. |
fazendo pose. "Já viram a flor do lírio como é linda, linda, linda? Pois bem, os olhos dela são mais lindos, muito mais ainda..." (Luiz Gonzaga). |
eu no Parque da Guarita em 1997. "caminante, no hay camino, se hace camino al andar." (Antonio Machado). |
22 de junho de 2021
"Falso Brilhante"
14 de junho de 2021
o pequeno pássaro
no dia 3 de março deste ano, por volta das 5 horas da tarde, eu havia acabado de deitar no chão do meu quarto com o meu cachorro quando ouvi o som de um pássaro que parecia estar bem próximo da porta da sacada. pensei, em um primeiro momento, que fosse apenas mais um dos muitos pássaros que constantemente pousam sobre a sacada do meu quarto e que logo voam quando eu me aproximo. abri apenas um pouco a porta, com calma, e vi através da fresta: um pequeno pássaro parado no chão da sacada. ele não se movimentava, mas seguia emitindo o mesmo som, como se estivesse querendo dizer algo. abri um pouco mais a porta e fiquei atrás dela durante uns dois ou três minutos apenas observando aquele pequeno pássaro que parecia já ter notado a minha presença e sem se assustar com isso. comecei a ter a forte impressão de que aquele pequeno pássaro estava ali mais me observando do que sendo observado por mim.
depois de mais alguns minutos, abri a porta totalmente e me aproximei daquele pequeno pássaro, que seguiu parecendo não ter medo da minha aproximação e ainda emitindo seu som como se quisesse dizer algo. pensei, então, que ele poderia estar de algum modo machucado, com algum problema nas asas, ou em alguma outra parte do seu pequeno corpo, e o que até então era apenas um momento meu de admiração por aquele pássaro começou a se transformar em um sentimento de aflição, de preocupação, afinal eu não sabia o porquê de aquele pequeno pássaro, apesar de aparentemente bem, estar imóvel daquela maneira e emitindo aquele som há alguns longos minutos. pensei, também, que ele pudesse estar apenas querendo descansar por um tempo sobre o chão da sacada do meu quarto e que em algum momento ele iria voar, ir embora.
peguei um pouco de água com um copo e joguei com calma a água no chão para que ela escorresse até perto de onde ele estava, imaginei que a água, se ele realmente bebesse um pouco ou mesmo que se apenas molhasse o bico, poderia fazer algum bem para ele. quando a água começou a se aproximar dele eu vi que ele ficou curioso olhando de lado o caminho que a água fazia enquanto escorria pelo chão e em seguida ele começou a dar umas bicadas no chão para beber a água. pensei que ele pudesse estar com fome também e decidi procurar algo para ele comer, ainda que naquele momento eu não fizesse ideia do que poderia servir de alimento. vi sobre a mesa da cozinha o pão integral e decidi pegar um pequeno pedaço de uma das fatias e fazer farelo, que coloquei ao lado do pequeno pássaro e que ele começou a comer no mesmo instante. por um momento, senti um pouco de alívio ao pensar que eu estava de algum modo matando a sede e a fome daquele bichinho.
fiquei mais alguns minutos observando o pássaro e depois voltei para dentro de casa. deixei a porta apenas um pouco aberta, com uma pequena fresta, para que meu cachorro não saísse, e fui fazer outras coisas. de vez em quando eu voltava para o quarto e observava por entre a fresta da porta para ver se o pequeno pássaro ainda estava lá, e em todas as vezes ele estava no mesmo exato lugar. a noite chegou e depois de algum tempo o pequeno pássaro foi para o outro lado da sacada, ainda em pé sobre o chão, e ficou como se estivesse com o bico encostado na parede. pensei que ele poderia estar dormindo, talvez ainda descansando, qualquer coisa assim, e segui de vez em quando observando aquele pequeno pássaro pela fresta da porta, pensando ainda que talvez em algum momento ele iria voar, ir embora.
tenho o costume de deixar a porta da sacada aberta para que meu cachorro saia sempre que ele sentir necessidade, mas como o pássaro não saía de lá e ao mesmo tempo percebi que meu cachorro já poderia estar querendo sair, decidi pegar uma caixa de sapatos, botar um pano fino sobre o fundo da caixa, pegar o pequeno pássaro e colocá-lo com calma dentro da caixa sem tampa que deixei sobre uma cadeira que há na sacada. pelas horas seguintes, até o momento em que fui dormir, observar aquele pequeno pássaro se tornou, então, quase uma obsessão para mim, quase como se eu tivesse que cuidar de um bebê recém-nascido dormindo em um berço. antes de ir dormir, já bem tarde, observei mais uma vez o pequeno pássaro e ele ainda estava na mesma posição dentro da caixa, como se ainda estivesse dormindo. toquei levemente em suas asas, como se fizesse um carinho com a ponta do dedo, e fui deitar para tentar dormir, apesar da minha ansiedade por não saber exatamente o que estava acontecendo com aquele pássaro e se ele ficaria bem até o momento em que eu acordasse, se ele ainda estaria ali...
pela manhã, a primeira coisa que fiz depois de acordar foi levantar e ir olhar dentro da caixa. o pequeno pássaro estava deitado, morto. senti naquele momento uma tristeza como se eu tivesse perdido um bicho de estimação que há muito tempo fazia parte da minha vida, e pelos minutos seguintes vários pensamentos começaram a ecoar na minha mente: será que esse pássaro talvez tivesse alguma noção de que iria morrer e apenas por coincidência acabou pousando exatamente na sacada do quarto de uma pessoa que ama pássaros? com tantas sacadas para ele pousar na cidade, na avenida em que moro, e até mesmo no prédio, será que foi apenas uma espécie de acaso da vida ele ter pousado exatamente na minha sacada e quase no mesmo momento em que eu havia deitado no chão ao lado da sacada? será que esse pequeno pássaro estava apenas procurando algum lugar tranquilo em que pudesse passar suas últimas horas de vida ou quis, também, de algum modo, com o que lhe restava de vida até mesmo me dizer algo sobre a minha própria vida? por que não? algumas horas depois, quando a noite já havia chegado, fui com o meu cachorro procurar algum lugar em que eu pudesse enterrar aquele pequeno pássaro.
para além das muitas perguntas que me fiz naquele momento em que encontrei o pequeno pássaro morto, e que às vezes ainda me faço desde aquele dia, sei, porque sinto, que as horas em que aquele pequeno pássaro esteve ao meu lado me transformaram de algumas maneiras através da minha admiração por ele, dos meus olhos que se encheram daquela beleza pura, afinal, como Manoel de Barros escreveu em um poema, "é no ínfimo que eu vejo a exuberância".
6 de junho de 2021
das perguntas
13 de fevereiro de 2021
irmandade / estrelas
estrelas