29 de setembro de 2018

morte e vida


a morte não nos diferencia por crenças, ideologias, cores, deseja todos igualmente para si, mortos somos todos igualmente mortos, enquanto vivos (ainda que vivos estejamos igualmente vivos aos que ainda estão vivos) não somos todos iguais, a vida é seletiva, a morte não, ela não nos diferencia, diferentes são as formas de morrer, como diferentes são as formas de viver, estar vivo, ser, morto é uma forma só, vivos somos todos diferentes, o contrário do que dizem na tentativa de nos homogeneizar, e porque esperam que sejamos todos iguais é que há tantos tipos de intolerâncias que reverberam pelo mundo, os vivos estampam sortimentos, prateleirizam sentimentos, engavetam pensamentos, que a morte nos liberta de todos, dos que sobre nós mesmos temos e sobre os outros, a vida é pluralidade e portanto saber-se único entre tudo o que nos diferencia e também nos assemelha, mas que ainda assim não nos torna iguais: diversidades, oscilações, diferentes tons, sons, contratempos, contagem, sopro, chama acesa, a vida é verbo, composição, e a morte (para todos o mesmo inevitável silêncio), cinzas ou decomposição. 


(imagem: Klimt)

2 comentários:

  1. Dois estados. Duas passagens e etapas pelas quais passaremos! É natural e uma consequência inevitável da nossa existência

    r: Muito obrigada :)

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  2. Gostei muito do texto, com certeza me fez refletir bastante aqui, composição, decomposição, a vida é um sopro mesmo, e esse final poético. Sempre bom vir aqui.

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